quinta-feira, 2 de agosto de 2007

A desconhe-cida e o sui-cida.


Por quê? De todas as inúteis perguntas que já lhe fiz, das quais muitas vezes teu cansaço me foi resposta, apenas me devolva esta. Por quê, minha amada? Em teu nome soprei tantas nuvens e sobre teu nome derramei tanta água. Me levou o sorriso, o assunto, o violão - e bem rias de tua semelhança Buarqueana em minhas tragédias. Aliás, rir era tua pergunta, tua noite mal dormida, tuas pílulas e teu sexo - e eu que antes amava-lhe os dentes à mostra, pergunto se com eles ainda me dilaceras. Estava farto, minha amada. Sombrancelhas caídas e lábios trêmulos pelo que não pronunciei no dia de tua partida. E hoje sou isso. Um bilhete escrito no espelho com aquele seu batom vermelho que eu odiava, com a tua letra que me rasgava a cada sílaba lida, e relida, e lida, e relida, e eu ali, de alma ensagüentada, minha amada. Ainda relembro da última penumbra, daquela noite em que te devorava e nada dizias, talvez por saber que seria aquela a última e que ali eu apodreceria. E tu dirias todas aquelas palavras doces en français pra me adormecer e acordar com o chá sobre a mesa - mon petit, mon petit -. Amargo e velho.

(sinal abre)
Um dia hei de conhecê-la e aí sim, meu bem, os porquês.
Táxi!


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foto de mario souza

6 comentários:

walter stodieck disse...

é surpreendentemente maravilhoso ler os seus textos, parabéns, hehe

Anônimo disse...

Sinto que vou me tornar repetitivo e chato nos meus comentários. Por isso, resumo: LIVRO.

Beijo e parabéns,

Edd

Anônimo disse...

Letícia! É bom saber de mais uma qualidade tua. Parabéns pela delicadeza e sutileza que até no papel você deixa passar.

Um beijo do teu nova fã...

Anônimo disse...

torna-te dramático homem...
assim com tantas espectativas.
Não via outra saída de emergência senão retornar ao velho perfume guardado na penúltima gaveta (também de emergência).
Já que não aceitavas minha condição, de desfrutar do meu riso em silêncio, de devorar as cerejas que se confundiam com a cor do meu batom, o que sobrou para te permitir é apenas um algodão úmido que possa secar tua cicatriz.
Aquela noite que nada conseguistes enxergar, eu murmurava umas poucas sílabas de socorro. Sem grandes ambições de ser a sua nova "cherie", mas com a vontade insana de ser rememorada como as nuvens que apontastes naquela outra quinta-feira antes de fechares as venezianas por causa do temporal.
Pelo menos não esquecestes do gosto velho que preparei com tanta raiva e amargura.

- perdi meu ônibus

Anônimo disse...

partis.
caminhais até a tua esquina vazia e retornas cheio de idéias. as. as mais belas.
bela és tu.

vários beijos, querida....

Tiago disse...

Talvez eu não entenda exatamente o significado dos textos e nem se eles têm um motivo da vida real... mas tu escreves bem, mesmo! Eu digo isso porque eu queria muito escrever, mas não consigo fazer nada interessante ainda... Parabéns!

Olha só... dá um pulinho no De Compositores, tem 2 idéias musicais rolando! Se achares alguma coisa legal ou tiveres qualquer crítica às músicas, dá teu pitaco porque essa é a dinâmica daquele espaço...

P.S.: quanto homem bajulando... sorte q não nasci mulher!

Abração!